Woody Allen é um diretor aclamado, adorado por uma legião de fãs e com
certeza possui ótimas produções em seu currículo. Alguns apreciam seus diálogos
afiados, outros dizem que é a leveza com que trata certos assuntos na tela ou
mesmo a dualidade de seus personagens. Há um carisma inegável em sua arte e
dela surgiram títulos inesquecíveis. Infelizmente, Para Roma Com Amor não é um
deles.
Passando por uma fase turista, Allen já filmou em Londres, Barcelona e
Paris. Diferente de suas irmãs, a versão
italiana traz o popular formato em várias histórias que, neste caso, não se
ligam a não ser pelo cenário em comum: recém-casados do interior que precisam
lidar com a cidade grande, um cidadão ordinário que fica famoso de repente, o
estudante de arquitetura que deve resistir ao charme da melhor amiga de sua
namorada e o agente funerário que canta excepcionalmente bem no chuveiro. Por meio destes indivíduos e seu universo, o diretor
nos leva às minúcias da radiante cidade europeia.
Antes de tudo, é importante ressaltar que a obra não é semelhante à
anterior, Meia Noite em Paris. Verdade que há um toque de surrealismo, que de
longe é tão bem utilizada como na homenagem aos franceses. Tirando isso e a
bela ambientação em cada uma das cidades, os dois filmes não possuem nenhuma afinidade
- fato que por si não significa nada.
O grande problema é a falta de pretensão. Para Roma Com Amor deixa um
grande vazio para o qual suas quatro narrativas são insuficientes. Não há ali
uma consistência, um gancho que segure o espectador ou mesmo uma boa homenagem.
Diferente de outras histórias que o fazem com maestria, elas não alcançam a
alma da cidade; são apenas um pout-pourri de situações bobas e que dão a
sensação de serem puramente aleatórias - ainda que sejam referências à cultura ítala.
Além de tudo, o filme não chega a divertir. Custa a sair do previsível.
Quando não arranca um sorriso à força, que é cedido mais por simpatia do que
por graça, nos obriga a lidar com personagens com os quais é impossível nos
relacionar. Ellen Page está no papel mais irritante de sua carreira ao lado de atores
razoáveis que se unem em um conjunto insosso. A única a iluminar a tela é
Penélope Cruz, cuja pequena participação nem chega a dar sabor.
Como diretor, roteirista e ator, desta vez Woody Allen decepcionou.