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terça-feira, 3 de julho de 2012

Para Roma Com Amor (To Rome With Love)





Woody Allen é um diretor aclamado, adorado por uma legião de fãs e com certeza possui ótimas produções em seu currículo. Alguns apreciam seus diálogos afiados, outros dizem que é a leveza com que trata certos assuntos na tela ou mesmo a dualidade de seus personagens. Há um carisma inegável em sua arte e dela surgiram títulos inesquecíveis. Infelizmente, Para Roma Com Amor não é um deles.

Passando por uma fase turista, Allen já filmou em Londres, Barcelona e Paris.  Diferente de suas irmãs, a versão italiana traz o popular formato em várias histórias que, neste caso, não se ligam a não ser pelo cenário em comum: recém-casados do interior que precisam lidar com a cidade grande, um cidadão ordinário que fica famoso de repente, o estudante de arquitetura que deve resistir ao charme da melhor amiga de sua namorada e o agente funerário que canta excepcionalmente bem no chuveiro. Por meio destes indivíduos e seu universo, o diretor nos leva às minúcias da radiante cidade europeia.

Antes de tudo, é importante ressaltar que a obra não é semelhante à anterior, Meia Noite em Paris. Verdade que há um toque de surrealismo, que de longe é tão bem utilizada como na homenagem aos franceses. Tirando isso e a bela ambientação em cada uma das cidades, os dois filmes não possuem nenhuma afinidade - fato que por si não significa nada.

O grande problema é a falta de pretensão. Para Roma Com Amor deixa um grande vazio para o qual suas quatro narrativas são insuficientes. Não há ali uma consistência, um gancho que segure o espectador ou mesmo uma boa homenagem. Diferente de outras histórias que o fazem com maestria, elas não alcançam a alma da cidade; são apenas um pout-pourri de situações bobas e que dão a sensação de serem puramente aleatórias - ainda que sejam referências à cultura ítala.

Além de tudo, o filme não chega a divertir. Custa a sair do previsível. Quando não arranca um sorriso à força, que é cedido mais por simpatia do que por graça, nos obriga a lidar com personagens com os quais é impossível nos relacionar. Ellen Page está no papel mais irritante de sua carreira ao lado de atores razoáveis que se unem em um conjunto insosso. A única a iluminar a tela é Penélope Cruz, cuja pequena participação nem chega a dar sabor.

Como diretor, roteirista e ator, desta vez Woody Allen decepcionou.