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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A verdade nua e crua (The ugly truth)

http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/uglytruth/



Abby Ritcher (Katherine Heigl) entra em cena como a clássica mulher moderna, ocupadíssima com sua carreira e dada à idealização da figura masculina. Mike Chadway (Gerard Butler) contrapõe a heroína como o machista explícito, beirando a grosseria, mas simpático à sua maneira. E, é claro, os dois se apaixonam.

O filme começa querendo ser diferente, mas dificilmente sai dos clichês das comédias românticas. De novo, a velha e boa fórmula da hostilidade entre um homem e uma mulher que com o tempo se transforma em amor. Porém, uma vez que Katherine Heigl não consegue dar um tom menos estereotipado e exagerado à sua personagem, a paixão de Mike e conseqüentemente sua redenção como machista incorrigível, não consegue se justificar. No final, a mudança de comportamento só se salva pelo charme de Gerard Butler e nada mais.

A produção no geral é divertida, mas não chega a ser engraçada. Gerard Butler é uma ótima escolha para comédia romântica, porém não está nem aos pés de seu personagem em “PS: Eu te amo”. Katherine Heigl tinha um personagem até muito comum para interpretar, mas ainda se provou travada demais para convencer como a divertida protagonista de comédias românticas. E mesmo a interação entre ambos não parece bem desenvolvida, como se a paixão que surge nascesse do nada.

Mas não se desanimem, queridas fãs do gênero. O filme rende algumas risadas – mesmo que muito menos do que poderia ser – e ainda arranca suspiros das moças mais sensíveis. Então, para quem precisa de um filme leve e engraçadinho, “A verdade nua e crua” não é uma completa perda de tempo. E, convenhamos, ver Gerard Butler em cena vale 97 minutos da vida de qualquer um, não é mesmo?

O amor pede passagem (Management)

http://www.managementfilm.com/

[caption id="attachment_36" align="alignnone" width="480" caption="Mike e Sue"][/caption]

À primeira vista, “O amor pede passagem” não chama nenhuma atenção, escondido sob a divulgação de cartazes e título genéricos. A surpresa, no entanto, é que é um filme diferente dentro do gênero. Existe uma sobriedade muito rara que leva a história, de modo que ela não seja tão óbvia e explícita, e a coerência dos acontecimentos se mantém do começo ao fim.

Porém, a decepção é que nem o enredo e nem os personagens parecem alcançar aquela sensibilidade que faz falta até o final. Mike (Steve Zahn) é um amor de pessoa até o ponto em que se torna uma criança irritante, enquanto que Sue (Jennifer Anniston) parece uma parede frígida a tudo o que acontece. Entre encontros e desencontros frustrantes entre os dois, você aprende que de certa forma é assim mesmo que cada um deveria ser, mas que com certeza ainda falta certo carisma e uma ligação que evitaria bocejos durante os 94 minutos de filme.

A produção não é ruim e tem sua potencialidade. Mas devo alertar que possui muito menos de comédia do que o gênero supõe e o desfecho não chega a emocionar. Ainda assim, vale a pena para quem está cansado da mesmice das comédias românticas e está procurando por algo ligeiramente diferente.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Los Abrazos Rotos (Abraços Partidos)

http://www.losabrazosrotos.com/

Lena

O primeiro grande fato completamente relevante a essa crítica é que esta não é uma crítica de um filme-de-Almodóvar. Longe, muito longe de querer discutir o diretor, seu nome e os marcos que fizeram sua carreira, devo começar por uma revelação que para muitos pode ser chocante: este foi, infelizmente, o primeiro filme que vi de Almodóvar.

Dito isso, sinto menos pressão em dizer que eu não gostei do filme. Ele, como obra cinematográfica.

“Abraços Partidos” é uma bela combinação de drama e romantismo, verdade. Possui um potencial magnífico para uma bela história, cuja mensagem final é a beleza de um verdadeiro amor que nasce, acontece, em um terrível contexto. Lindo, denso e dramático. ...Ou não.

Lluís Homar me parece um ator sincero. Pouco sei sobre ele e dentro do que tentei pesquisar não descobri muito. Sei que é um ator premiado e que já havia trabalhado com Almodóvar. No entanto, sobre Mateo Blanco, seu personagem, eu não posso dizer o mesmo. Mateo nos é apresentado logo de cara como Harry Caine, um cego sedutor. Conta que Mateo se foi com um antigo amor, conta sobre esse amor, seu desenrolar e a tragédia que o rodeava quando nasceu.

A trama com certeza não é nova. Moça bonita, pobre e necessitada que se casa com um homem muito mais velho e, é claro, rico. Homem sedutor, diretor de cinema, encontra a moça-esposa-do-homem-rico e, enfim, não é difícil imaginar o resto. Apesar de fórmula pronta, sabemos, eu e todas as mulheres, que histórias trágicas de amor nunca são cansativas. Quando bem contadas.

O problema de Mateo é a sua canastrice. E, me desculpem, eu juro que não tenho outra palavra para o que esse personagem me passou durante o filme in-tei-ro. Porque se todos os personagens à sua volta querem me convencer de que Mateo Blanco é um cara sedutor, dele mesmo eu só consigo enxergar um velho tarado e pretensioso. E se em algum momento ele realmente amou Lena (Penélope Cruz), parecia apenas um velho tarado fazendo sexo com a mulher do outro. Impossível alimentar o desejo de torcer por um casal em que uma das partes simplesmente não me convence de seu “amor verdadeiro”.

Além disso, a estereotipia dos personagens é tão óbvia que dificulta na identificação do público com a história. É como um conjunto de tipos para um conto simplificado: um velho nojento e rico, um diretor de cinema bem sucedido e sedutor, uma mulher pobre e coitada, mas lindíssima. Como podemos crer num amor único e verdadeiro, quando as opções da moça são essas duas figuras masculinas? Mais fofo seria se ela trocasse o diretor pelo velho, não? Isso sim seria amor verdadeiro.

Mas, sejamos justos. Como algumas críticas que li disseram, felizmente temos Penélope Cruz no filme. Linda, carismática, talvez um pouco apagada devido ao papel, mas ainda assim Penélope Cruz. E não posso negar, de maneira nenhuma, que Almodóvar tem seu charme em nos dizer algumas coisas. Mesmo nesta produção, é perceptível sua maturidade em lidar com essa arte. E me pareceu boa, apesar de mal aproveitada.

Agora, se você, fã de Almodóvar, ou melhor, fã especificamente deste filme, vier me dizer que na verdade eu não entendi nada do que ele quis me passar, você está certo. Até agora eu não tenho idéia de qual é a desse filme. Mas se alguém puder fazer o favor de me esclarecer, eu ficarei feliz em ouvir e, quem sabe, eu até mude de opinião.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

500 dias com ela ((500) days of Summer)

http://www.500diascomela.com.br/



Mulheres, se vamos falar de um filme nada romântico e totalmente sensível, vamos dar uma olhadinha em “500 dias com ela”.

O monstro maléfico se chama Summer (Zooey Deschanel), uma moça bonita e excêntrica que se torna alvo do amor infinito de Tom (Joseph Gordon-Levitt). A premissa não é nova: o garoto, que não tem nada de especial, se apaixona pela moça e aos poucos se aproxima até conseguir conquistá-la. A moça aceita uma relação casual, mas está longe de querer alguma coisa séria, enquanto Tom não consegue abandonar a idéia de que é ela, e somente ela, que quer como namorada.

O filme é uma poesia de interação de personagens. Apesar de muitas vezes cruel, massacradora do coraçãozinho do protagonista, Summer é apaixonante. É a típica mulher-livre, artística, passando pela vida sem procurar por nada. Tom, por sua vez, é o clássico jovem sonhador, apegado e romântico. Quando ambos se encontram, um relacionamento toma forma e as várias cenas entre os dois são puro suspiro. Assisti-los é um prazer, não só pela personalidade única de cada um, mas pela personalidade única do casal em si, cheia de detalhes sensíveis que o roteirista nos fez o favor de inserir.

Como produção cinematográfica, “500 dias com ela” nos leva a uma deliciosa viagem de recursos e efeitos que não têm nada de novo, mas são usados com maestria. O enriquecimento da narrativa não só veio de um roteirista inspirado como foi reforçado pelo toque sutil e bem humorado do diretor, Marc Webb. E, contrariando expectativas, o final não é previsível nem uma grande surpresa, é apenas a evolução natural de dois personagens bem construídos.

Zooey Deschanel é linda e usa seus atributos, como os grandes olhos azuis, para montar sua personagem muito bem. Sobre Joseph Gordon-Levitt, eu tenho que admitir, não vi nenhum filme dele desde “10 coisas que eu odeio em você”. Mas achei sua performance muito legal, porque ao mesmo tempo que é possível vê-lo como o cara bobo que só vai atrás da mulher, também cria empatia que faz você gostar e torcer por ele.

O filme é uma boa pedida. Pode parecer uma crítica parcial ou puxa-saco, mas há muito tempo que não vejo um filme assim tão sensível, bem feito e, apesar da mensagem ligeiramente melancólica ao final, com pitada adorável de fantasia. E se Tom em momento nenhum reage de fato contra as ações destrutivas de Summer, o autor deixa sua própria mensagem, no começo do filme:

“Any resemblance to people living or dead is purely accidental ... Especially you Jenny Beckman ... Bitch."

27 Dresses (Vestida para casar)

http://www.27dressesthemovie.com/



Katherine Heigl é uma moça bonita e simpática e estava até bem no seriado Grey’s Anatomy. Só que ainda é muito difícil se convencer de seus papéis como a mocinha de uma comédia romântica. Não que ela atue mal, mas seu carisma está longe de alcançar uma Sandra Bullock e ainda comete exageros, como quando sua personagem reage ao encontrar com o chefe Hal, por quem é apaixonada.

Por outro lado, nosso nem tão adorado Ciclope de X-Men, James Marsden, caiu muito bem como um repórter ligeiramente frustrado com o andamento de sua carreira. Bonito, charmoso e fofinho, como eu pessoalmente gosto, Kevin, seu personagem, consegue conquistar a simpatia. Até então, em alguns filmes que o tinha visto, ele pouco chamava atenção e poderia até se tornar um cara irritante. Tá certo que competir com outras figuras masculinas, como Hugh Jackman (X-Men) e Ryan Gosling (Diário de uma paixão) é covardia, mas mesmo assim era uma falta de sal para a qual não havia justificativa. Aparentemente, ele consegue se redimir neste filme, com destaque especial para a cena da manhã seguinte no carro, em que ele traz o café para nossa protagonista, Jane.

O argumento não chega a ser interessante, mas também não fere. A moça é a madrinha de casamento de todas, adora cuidar de todo mundo e não tem tempo de prestar atenção em sua própria vida. O moço é um repórter cínico e frustrado que se vê preso na Seção de Casamentos do jornal em que trabalha. Infezlimente, o roteiro não consegue desenvolver bem nenhum dos dois personagens e tampouco compensa com cenas engraçadas (que, na minha opinião, poderiam ser muito melhores). Se em nenhum momento Jane nos convence que faz tudo o que faz por amor ao próximo, Kevin muito menos nos leva a ver seu lado sombrio e frustrado, não fosse por diálogos que revelam seus segredos esporádica e aleatoriamente.

Outro problema é que é previsível demais quando usa a velha fórmula: no começo se odeiam, até que aquele sentimento especial cresce, daí alguma coisa faz eles brigarem feio e depois, é claro, voltam e vivem felizes para sempre.  A partir do momento que tomamos conhecimento da pretensão de Kevin em escrever sobre a estranha obsessão de Jane em seu jornal, é possível já rascunhar na cabeça tudo o que vai acontecer e, para nossa decepção, acontece mais ou menos assim mesmo.

De qualquer forma, a narrativa e o clima dados pela diretora Anne Fletcher é simpático e leve, o que nos leva a torcer pelo casal. A melhor amiga de Jane, Casey (Judy Greer), é uma das melhores personagens do filme apesar de ser coadjuvante, juntamente com a irmã irritante, Tess (Malin Akerman), que também é uma das mais coerentes na história. No fim, o filme é bonitinho e cumpre seu papel para quem precisa de algum romance de vez em quando. E, querendo ou não, a cena que mostra alguns dos 27 vestidos de Jane é divertida e dá inúmeras idéias criativas para quem não pretende se casar da forma clássica.