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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Idas e Vindas do Amor (Valentine’s Day)

http://www.valentinesdaymovie.com/



Dia dos Namorados, por mais que seja mais um golpe comercial para levar as pessoas a comprar, é inegavelmente um momento de reflexão para muitas pessoas – principalmente mulheres. Momento de lembrar que temos um amor e que – Graças a Deus! – temos companhia para esse dia, momento de fazer aquela surpresinha especial, reafirmar seu amor, ou simplesmente se amargar no sentimento de vazio e de solidão.

“Idas e vindas do amor” foi um jeito simpático de fazer essa reflexão. Como vários filmes desse estilo, reafirma as inúmeras diferenças que cada relacionamento carrega, como o amor pode surgir, como pode terminar ou apenas como ele é. Ótimo para quem procura aquela mensagem otimista do quanto o amor pode ser complicado – e até doloroso – mas que é necessário para uma vida “completamente” feliz.

Mas quem não conhece aquela história do melhor amigo que no fundo ama a melhor amiga e vice-versa? O apelo vamos-colocar-um-casal-gay-e-mostrar-nossa-sensibilidade? Ou a moça depressiva que odeia o Dia dos Namorados, mas que acaba com alguém no final? Sim, o filme é um show de clichês e não só em argumento, mas no jeito de apresentar as situações. Até o elenco, grandes estrelas de Hollywood, é só a repetição em massa daqueles nomes que sempre vemos nas produções relativamente fracas de comédia romântica. Para mim, foi uma decepção e desperdício de talento.

Depois de ver todas as histórias sufocando uma à outra pela falta de tempo para se desenvolver, você sai com aquela sensação de que nenhuma delas conseguiu de fato atingir. Talvez porque essa pressa em apresentar cada contexto não nos dê tempo de sentir empatia pelos personagens e também faça com que os conflitos pareçam superficiais e de fácil resolução. Isso é um grande problema dos filmes deste gênero, porque aparentemente basta jogar as situações bonitinhas para o público e deixar para lá as verdadeiras nuances que tornam essas histórias algo excepcional de se ver.

A maior decepção de todas, porém, é descobrir que aquelas ceninhas engraçadas do trailer não aparecem no filme em si. Não sei quem inventou que essa é a melhor maneira de anunciar uma estréia, mas seria mais interessante se não escolhessem justo a melhores sacadas para aumentar a expectativa do povo. Funciona comercialmente, só que é muito irritante.

Para você quem está procurando algo bem água com açúcar, o filme cumpre sua função. Porém, eu aconselharia assistir “Ele não está tão afim de você”, que é do mesmíssimo tipo que esse, mas muito melhor, acreditem.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Nine

http://nine-movie.com/



Para quem é fã de musicais, “Nine” chega ao público com o melhor do apelo do gênero: muito drama, mulheres sensuais, figurinos de fazer babar, aquele clima cabaré bem francês (apesar de se passar na Itália) e, é claro, músicas lindamente coreografadas.

Guido Contini é o nosso protagonista em crise. Sendo diretor de cinema, alimenta a visão ultra-dramática de sua vida e, nesse momento de dificuldade criativa, parece intensificar esse modo de enxergar as coisas ao seu redor. Para tentar se recuperar de dois fracassos anteriores, vai buscar toda a inspiração que puder nas mulheres de sua vida. Isso, no entanto, vai levá-lo a uma jornada de aprofundamento sobre ele e seus tantos relacionamentos, em vez de ajudar em seu roteiro.

O filme é basicamente dividido em “dois mundos”: o que seria o real e o da imaginação dramática de Contini. Enquanto no real o diretor batalha para que seu novo filme seja realizado e se torne mais um grande sucesso de sua carreira, em sua imaginação, ele monta esses cenários de cada moça em sua melhor forma, figurino e voz. Isso é positivo, pois elimina aqueles momentos típicos de musicais, em que os personagens começam a cantar do absoluto nada e ocorre uma quebra do envolvimento com a história. Ou seja, entramos na trama principal sem sermos interrompidos pelo momento constrangedor em que tudo se transforma em um show da Broadway, mas ainda temos o apelo artístico das músicas e coreografias.

O elenco carrega nomes de peso, como Daniel Day-Lewis (Guido Contini), Marion Cotillard (Luisa Contini), Penélope Cruz (Carla Albanese), Judi Dench (Lilliane La Fleur), Kate Hudson (Stephanie Necrophuros), Fergie (La Saraghina), Nicole Kidman (Claudia Jenssen) e Sophia Loren (Mamma), mas infelizmente o enredo não faz jus a tanto talento. Não é nada que chega a emocionar e pode se tornar enfadonho em algumas partes.

Ainda assim, o filme tem um destaque: a coreografia de Saraghina (Fergie). Vale muito a pena ver, desde a música até os efeitos “de palco”, e acredito que vá agradar tanto fãs quanto não-fãs do gênero.