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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma noite fora de série (Date Night)

http://www.umanoiteforadeserie.com.br/



Buscar o novo é uma coisa muito típica do ser jovem. Eu não falo de idades específicas, mas de uma juventude que muita gente possui até os 30 anos e que outros não conseguem largar nunca mais. Acredito que a razão disso seja essencialmente a fome natural por emoção. O conhecer, porque quanto menos idade mais coisas a descobrir, e depois apenas o vício nessa sensação da eterna possibilidade aberta.

Por outro lado, temos a parte mais ‘chata’ do viver: o caminho do se acomodar e prender-se a bases concretas de uma rotina. Aquele tipo de história que ninguém planeja ter, ninguém se interessa em ouvir e ninguém se imagina vivendo. Mesmo que, no final, a grande maioria acabe mais ou menos nisso, como os Foster.

Como o chefe de família, Phil (Steve Carrell) trabalha. A mãe, Claire (Tina Fey), cuida da casa e dos dois filhos. E, uma noite por semana, o casal sai sozinho em um encontro. Sem-graça, como os estereótipos já simbolizam. A paródia da vida de casado continua até que o sino de alerta toca: um casal de amigos de ambos que, como eles, estava acomodado por um bom tempo e, por isso, resolve pelo divórcio. A crise faz voltar o espírito da jovialidade, a vitalidade sem igual e a busca pelo novo, há muito tempo abandonada. Contaminados por isso, Phil e Claire acabam comprando essa idéia juntos.

O resultado é uma noite absolutamente improvável, em que os Foster vão colocar à prova suas faces mais radicais. Começam com uma janta em um lugar badalado no centro de Nova Iorque e acabam se envolvendo com assuntos políticos, policiais corruptos, informações secretas e até prostituição. Para salvarem suas vidas vão roubar, bater carros, conhecer gente distante de seu singelo círculo social e executar planos perigosos.

Interessante, apesar de toda emoção e humor, é notar que em momento nenhum o casal se separa. Pode ser um detalhe idiota em um filme tão previsível com mensagem tão óbvia. Porém, acredito que seja importante reforçar esse ponto sutil do filme: que nem todo casal precisa de uma pseudo-separação para saber que quer ficar junto. Na verdade, eles ficam unidos do começo ao fim e, claro, eles redescobrem um ponto importante do casamento.

Acontece que não é o sentimento de amor esse ponto que eles precisavam reavivar. É exatamente essa capacidade de encarar o novo, mais emoções, um desconhecido. Dar um toque em suas vidas, pois todo ser humano precisa se renovar. Não só isso, aprendem também que uma boa convivência não se trata somente da parte estável e desinteressante da vida, mas de ter alguém com quem dividir até mesmo seu lado mais jovial e imprevisível de ser. Isso sim é que é um amor maduro.

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