Muito bem cotado no circuito de filmes perturbadores e adaptado de um
livro de Aldous Huxley (que eu não li), “Os Demônios”, de 1971, retrata a
história do padre Urbain Grandier e as supostas possessões demoníacas ocorridas
em freiras do vilarejo de Loudun, que no século 17 era uma das poucas a se
manter resistente ao controle do Cardeal Richelieu.
O fato histórico, na verdade, serve de cenário para um ataque nada
sutil a uma época obscura da Igreja Católica. Começando por nosso heroico
protagonista, Grandier (Oliver Reed), um padre promíscuo, que abandona sua
amante grávida e se casa com outra mulher. Nada disso seria um problema se ele
não fosse também uma forte figura contra a influência do poderoso Cardeal Richelieu.
Apesar da excelente habilidade de luta com pequenos jacarés, sua natureza extremamente
sensual – única “fraqueza” aparente – acaba traindo-o e levando-o ao fim
historicamente conhecido.
A segunda e última personagem digna de ser apresentada é a madre
superiora Jeanne de Anges (Vanessa Redgrave), que brilha na tela com sua corcunda,
o pescoço torto e a forma distinta de lidar com a repressão sexual. São seus
sonhos profanos e desejo lascivo por Grandier que, ao contrário dos eternos
monólogos do padre, dão alguma graça ao longa.
No geral, a trama trabalha pouco os desdobramentos políticos e foca
muito mais nas depravações envolvendo freiras. Nudismo, sexo e símbolos
religiosos misturados em cenas tão alegóricas que não chegam a pesar, excetuando
o óbvio ataque à moral e à Igreja. Na época, deve ter causado grande choque e
ainda hoje pode ser visto como uma grande ofensa aos olhos dos católicos
fervorosos. No entanto, para o público que aprecia o estilo gore, o filme traz
poucos momentos que valham a pena.
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