
Muitas coisas na vida exigem alguma adaptação. Seja porque a convivência com um mal inevitável surja ou apenas uma grande mudança ocorra, o desapego àquela acomodação estabelecida é, vez ou outra, muito necessário. Ceder, afinal, é um fundamento tão difícil de aprender quanto primordial para uma vida progressiva.
Para o casal recém-separado Morgan, essa era uma questão de vida ou morte. Por serem testemunhas-chave de um crime cometido por um perigoso assassino, a polícia lhes informa que o modo mais seguro de lidar com isso é entrar para o programa de proteção. O que, em suma, significa mandar dois nova-iorquinos – essência do ser urbano – para um daqueles lugares no meio do deserto, um nada com quilômetros e quilômetros de extensão.
A viagem, é claro, acontece. Paul e Meryl encaram a mudança com algum humor sarcástico, deixando para trás assistentes ansiosos, carreiras bem-sucedidas e supostamente família e amigos. Chegam com o jeito tímido a um lugar que só vai hostilizar seus modos de gente-de-cidade-grande e onde nem podem usar telefone e Internet. Paul, o inglês, e Meryl, adepta da cultura sofisticada da metrópole, convivendo entre chapéus de cowboys e estampas xadrez.
A inclusão e o ajustamento ocorrem, como é previsível. Com ajuda do casal Clay e Emma Wheeler, os dois aprendem a enxergar aquele lugarzinho com mais empatia e até se apegam à loja que vende suéter por $9,99. Meryl arranja uma maneira de continuar a exercer sua função como corretora, e Paul ajuda um dos moradores com questões jurídicas. Em pouquíssimos dias, é como se tivessem se transformado em amantes do sossego e dos costumes mais rústicos do povo de Wyoming.
É tudo uma questão de adaptação, como dito no começo. Se acostumar com algo pode ser tão fácil quanto Meryl e Paul nos ensinam em sua pequena aventura. Só nos falta saber se o próprio amor é uma dessas coisas. Já que a (falta de) química entre Sarah Jessica Parker e Hugh Grant não convence nem por um segundo na tela, quem sabe seja essa facilidade em se ajustar à convivência forçada a única resposta para o desfecho feliz. O amor acaba sendo apenas uma palavra para designar a união de duas pessoas que, no fundo, estão simplesmente habituadas uma à outra.