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quarta-feira, 10 de março de 2010

Simplesmente Complicado (It’s complicated)

http://www.itscomplicatedmovie.com/



Amadurecer é, senão a mais, uma das coisas mais difíceis na vida. Primeiro porque, em essência, quer dizer envelhecer e segundo porque nenhum dos tantos aprendizados que se ganha vem sem um preço. Também, além de tudo isso, amadurecer é conseqüentemente ter vivido, o que pode ser um conceito tão abstrato que talvez seja impossível de definir como bom ou ruim. No entanto, todos sabemos, viver é a única alternativa que temos depois de nascer, o que torna a maturidade algo inevitável.

Duro, pode-se dizer, amadurecer também traz algumas coisas boas. Perde-se o ar da infantilidade, as frágeis ilusões que nos levam aos grandes tombos, e aprende-se a maior das lições: a de que nunca vamos ter experiência o suficiente para poder encarar tudo como o adolescente “invencível” que (acha que) tem o mundo nas mãos. E essa é, como Jane Adler vai nos mostrar, uma das coisas mais complicadas do viver.

Depois de um longo casamento, três filhos e mais 10 anos se ajustando como divorciada, Jane se vê em um ponto alto de sua vida: é a dona de uma padaria de sucesso, mantém uma boa relação com seu ex-marido, Jake Adler (Alec Baldwin) e se sente ótima consigo mesma. Ainda assim, essa feliz mulher começa a se sentir solitária, já que seu ex seguiu em frente, se casando com a sua então amante, e seus filhos já dão claros sinais de independência. É nesse momento que ela vai se deixar levar pela enorme burrada de começar um caso exatamente com Jake, a causa do sofrimento de tantos anos.

Fabulosa, como só Meryl Streep poderia, Jane expõe sua força e sua fraqueza, misturados nessa mulher-mãe-cozinheira-divorciada por quem é impossível não se apaixonar. Ela é aquele tipo de mulher que todas querem ser quando crescer: bem conservada, morando em uma casa linda, trabalhando naquilo que ama fazer, inteligente, interessante, cheia de vida... – vocês entenderam. Por isso, quem sabe, sua jornada louca nos absorva tanto. Jane, uma musa, envolvida em um tórrido caso com seu ex-marido.

É claro que não é uma situação favorável. O homem é casado e, além disso, eles já haviam tentando antes. Não é uma fórmula com muitas chances de acerto. Depois, temos também Adam Schaffer, um Steve Martin estranhamente sofisticado e atraente, que entra na vida dela como uma nova paixão. Adicionando a tudo um resquício de sentimento por parte de Jake Adler e uma Jane um tanto confusa, tudo acaba se enrolando. E o que parecia tanto conhecimento no longo currículo de vida, acaba sendo nada.

No final, resta a Jane recolher alguns cacos de todos esses acontecimentos. Aí é que chegamos à alma de toda essa história: o verdadeiro poder de sua maturidade. Porque por mais que ela continue errando, independente de sua idade, essa é uma mulher que não se deixa derrubar por dores e decepções; uma mulher cujas bases são tão concretas que não usa mais drama para se acertar. Não há lágrimas, não há brigas feias, nem trilha ultra-romântica ou ultra-depressiva. É apenas Jane, que sabe que pode se enganar e que ainda tem muito para aprender - não só sobre o mundo e a vida, mas principalmente sobre si mesma.

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