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quinta-feira, 18 de março de 2010

O Amor Acontece (Love Happens)

http://www.lovehappensmovie.com/



Aquela velha máxima de que palpitar na vida dos outros é mais fácil do que resolver nossos próprios problemas destaca uma característica muito mais presente na alma humana do que gostamos de admitir: a hipocrisia. Pode ser uma palavra forte, chocante para os mais sensíveis, porém uma verdade inegável. Porque todos nós já vivemos alguma experiência em que dizer é bem mais fácil que fazer e sabemos que, quase sempre, a teoria é mais simples que a prática.

“Faça o que digo, não faça o que faço” é a filosofia que Burke Ryan (Aaron Eckhart) segue secretamente desde a primeiríssima cena, em que cortar os limões nos leva à objetiva conclusão de que o jeito é fazer a limonada; até que uma garrafa de vodca surge como o sinal de que talvez a limonada por si só seja amarga demais para os despreparados. Com essa introdução, começamos a descobrir um pouco sobre o autor de um best-seller de auto-ajuda conhecido nacionalmente, que se dedica a fazer grandes palestras e workshops para ajudar pessoas que perderam seus entes queridos.

Não é um drama profundo, tampouco uma comédia romântica habitual. O luto e a dor da separação são os temas centrais do plot, e apesar do amor acontecer (como diz o título), nesse caso ele tem que, de certa forma, terminar. Essa luta pelo encerramento vai mostrar o quão longo é o caminho para se “curar” e quanto Burke, um viúvo mal-resolvido, se engaja nessa causa – pelos outros.

Quando a excêntrica florista Eloise (Jennifer Aniston) surge, todas as teorias são voltadas contra ele mesmo. A mulher que não sabe escolher homens, trabalha em uma humilde loja e não sofre com nenhuma morte traumática, leva o exemplo nacional de superação a se confrontar com seus problemas, evidenciando o grande paradoxo que ele vive.

No fim, em vez do falso moralismo e de uma redenção clichê, as duas faces hipócritas de Burke nos levam a uma curiosa conclusão sobre interações sociais e emoções humanas: não é preciso ser mais que uma pessoa normal e cheia de problemas para aconselhar e ajudar alguém; mas superar certas dores requer uma força muito maior do que uma capaz de comover e consolar multidões. Isso sim faz um filme valer a pena, muito mais do que saber que o final é o velho e bom “felizes para sempre”.

Um comentário:

  1. No ultimo parágrafo você diz tudo sobre o filme.
    Gostei bastante do seu blog! :)

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