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sábado, 8 de maio de 2010

Alice no País das Maravilhas (Tim Burton’s Alice in Wonderland)

Nova categoria: Sem açúcar. Porque alguns filmes que não são direcionados especialmente para mulheres melosas valem serem comentados. :)


http://adisney.go.com/disneypictures/aliceinwonderland/



Fantasiar é um costume natural. Nos liberta da prisão existencialista e nos eleva ao status da possibilidade. É a fé de que nenhum de nós é capaz de se livrar, pois, sem ela, o mundo é apenas realidade. Talvez seja loucura - a pitada que todo homem são possui -, mas não há nada que pudesse ser mais desesperador do que possuir somente a simples e pura realidade.


A história da pequena Alice é uma dose dessa abstração que fascina. Em ódio ou adoração, são apenas formas de se conformar com o pouco de alucinado que todos temos. Alguém poderia ser indiferente a tal insanidade? Claro, porque nesse mundo tudo pode. Mas é Alice, a lenda; sonhos, pesadelos e o surreal em uma só. Por isso, quando um dos diretores mais pirados de Hollywood nos deu a notícia de que daria seu toque próprio ao País das Maravilhas, o planeta inteiro se deslumbrou.


Alice aparece de primeira na telona da forma mais inesperada: a apática criatura que se deixa levar. Acredito que essa seja a primeira e principal decepção a que Burton nos submete. Alice é um poço de ceticismo por trás de um rosto tediosamente inexpressivo e mesmo que tente se recuperar ao final, não chega à redenção. O mundo à sua volta a puxa, quando deveria ser ela a desvendar o maravilhoso. Até o chapeleiro nem tão louco tem que criar uma paixão que a faça reagir.


A saga continua em ritmo simplista. De um lado, a malvada Rainha de Copas, que roubara o reino para si. Do outro lado do país, que não leva mais que alguns minutos para ser atravessado,está a bondosa Rainha Branca, que pretende recuperar sua coroa. Por esses caminhos, Alice cavalga livremente, desprovida de paixão, enquanto se aproveita de sua conveniente licença para fazer o que bem entender em uma terra que interessa a todos, menos a ela. Dessa forma, nos vemos abandonados em nossas expectativas: sem Alice espevitada, sem País das Maravilhas, apenas o dragão que não dura nem pra fazer arranhão naquele rosto imutável.


Alguns podem acreditar que Burton nos iludiu, mas a verdade é que nós é que nos iludimos com ele. A combinação da demência de Alice com a essência mórbida do diretor não poderia ser mais perfeita em teoria. Porém, quem sabe, a maluquice de Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodgson) fosse já uma fantasia completa; algo que não suportaria mais.


Apesar de tudo, é inevitável notar que Alice é uma grande inspiração. Uma fantasia que nos leva tão longe, mas tão longe, que nem tamanha competência cinematográfica conseguiu levar além. E, mesmo assim, fantasiamos. Quando mais uma vez a realidade traz decepção, somos instigados a escapar. Mas não para nos afastarmos de Burton, de sua criação; fantasiamos para chegarmos mais perto daquilo que todos sabíamos que esse filme poderia ser.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Caçador de Recompensas (The Bounty Hunter)

http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/cacadorderecompensas/



Pode parecer retrogrado falar dessa maneira, mas casamento é uma daquelas coisas que deveriam durar para sempre. É um conceito de muito tempo: até que a morte nos separe. Se alguém tem a vontade de afirmar tal coisa, então deve realmente gostar da pessoa para quem diz.

Porém, hoje quase ninguém mais tem paciência para palavras como “eternidade”, “infinito” e “sempre”. Talvez esse seja o motivo da diminuição de casais que optam por se unir no altar. Mesmo quando dois pombinhos verdadeiramente apaixonados encaram a aventura, nada é certo. O divórcio já está nos pensamentos antes mesmo do padre os declarar marido e mulher. Afinal, tudo pode dar errado e essa é a primeira solução que surge quando vêm os problemas.

Para Milo Boyd e Nicole Hurly, isso durou menos de um ano. Tão rápido quanto se apaixonaram, casaram e, por fim, se divorciaram. Anos depois, ambos voltam a se encontrar quando Milo, que trabalha como caçador de recompensas, descobre que tem de capturar sua ex-esposa. Eles acabam juntos em uma aventura de perseguição, fugindo de pessoas perigosas que querem pegar os dois: ela por ser uma repórter investigativa; ele por dever muito dinheiro de jogatina.

[SPOILER]

Os acontecimentos se passam com um sacaneando o outro e se desenvolve naquele clássico “eu te odeio porque te amo”. Claro que Milo e Nicole redescobrem seu amor, assumem os erros do passado e, bem, apesar da gracinha final, eles ficam juntos. (não se preocupem, não é saber disso que vai estragar o filme)

[/SPOILER]

O fato é que não é raro ver casais ainda apaixonados que acabam se separando. Decidem ficar longe um do outro por motivos pelos quais geralmente não querem ceder ou sequer entender. Criam um clima péssimo, começam a ter raiva um do outro e acabam em um divórcio hostil. Então, depois de anos, assim como Milo e Nicole, percebem que era tudo bobagem.

Assim como um casamento impulsivo, um divórcio precoce também cria pessoas infelizes. Quando se pode simplesmente terminar tudo, conviver é difícil demais. Mas ninguém disse que um relacionamento duradouro vinha sem brigas, idéias divergentes e/ou graves problemas. É nessas horas, em quer ter paciência é fundamental, que se prova quão forte é o casal.

Além disso, não há nada mais irritante do que aquele tipo de casal separado que todo mundo sabe que ainda se gosta, menos ele mesmo. Nem com alguma ação, personagens cômicos e vilões cheios de más intenções, conseguem se salvar. Mais fácil que resolvam seus problemas e não se divorciem. Assim, não somos obrigados a engolir histórias ruins de comédias românticas mal-escritas.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

E o Oscar vai para...

http://sandrabullockfan.com/
(não é oficial, mas foi o mais completo que achei)



Sandra Bullock, a rainha das comédias românticas. Estourou em “Velocidade Máxima” (aquele do ônibus que não pára; com o Keanu Reeves) e ingressou em sua especialidade em “Enquanto você dormia” (clássico da Sessão da Tarde). Isso mesmo, foi nesse filme que Sandra ficou conhecida pelo tipo de personagem em que melhor se encaixa: aquela garota comum, cheia de defeitos e problemas, de personalidade carismática e que acaba se apaixonando.

Sua popularidade era visível desde adolescente quando, diferente dos papéis que assume, foi chefe de torcida e namorou um jogador de futebol americano. Hoje, além dessa baita estrela de Hollywood, ela é dona de alguns negócios, como a produtora Fortis Films. Um exemplo de mulher bem sucedida e a queridíssima das histórias de amor no cinema.



Agora, em 2010, finalmente é presenteada com uma estatueta do Oscar. Leigh Anne Tuohy (do filme “Um sonho possível”) não é o melhor exemplo de boa atuação em seu currículo, mas talvez fosse mesmo sua única chance de ganhar algo da Academia. Poucos papéis em sua carreira atingiram a densidade que Leigh Anne tinha a oferecer. Uma mãe de família que não tem nada de especial, a não ser pelo fato de que resolve ajudar, sem motivo aparente, um garoto carente.

Ela continua sendo nossa Sandra de sempre: o jeitinho atrevido, porém gentil de ser. O verdadeiro crédito desse trabalho, porém, foi ter feito essa personagem sem cair na estereotipia da mãe-de-todos. Seria fácil virar uma Madre Teresa de Calcutá da vida, pensando na mulher que traz um total estranho para dentro de casa a fim de ajudá-lo. Mas há algo de muito natural nessa dona-de-casa, que desperta em nós não o sentimento de idolatrá-la como uma santa e sim o de que poderia ser qualquer um de nós, abrindo o coração daquela maneira.

Infelizmente, a festa por ganhar o prêmio tão cobiçado durou pouco. Dizem que existe um tipo de maldição em cima de ganhadoras do Oscar como melhor atriz em que elas acabam se divorciando. Sandra Bullock não conseguiu fugir disso e há pouco tempo surgiu um circo em volta de seu casamento com o construtor de carros e motos, Jesse James. Aparentemente, o maridão traiu Sandra com várias mulheres enquanto estavam casados e agora ele entrou para uma clínica de reabilitação para curar seu suposto vício em sexo. Ela ainda não fez nenhum comentário oficial sobre o assunto, então é difícil saber o que vai acontecer.

De qualquer maneira, o que quer que ela resolva, esperamos continuar a vê-la em filmes como “Miss Simpatia”. Eles não ganham Oscar, mas, convenhamos, são o mais divertidos!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma noite fora de série (Date Night)

http://www.umanoiteforadeserie.com.br/



Buscar o novo é uma coisa muito típica do ser jovem. Eu não falo de idades específicas, mas de uma juventude que muita gente possui até os 30 anos e que outros não conseguem largar nunca mais. Acredito que a razão disso seja essencialmente a fome natural por emoção. O conhecer, porque quanto menos idade mais coisas a descobrir, e depois apenas o vício nessa sensação da eterna possibilidade aberta.

Por outro lado, temos a parte mais ‘chata’ do viver: o caminho do se acomodar e prender-se a bases concretas de uma rotina. Aquele tipo de história que ninguém planeja ter, ninguém se interessa em ouvir e ninguém se imagina vivendo. Mesmo que, no final, a grande maioria acabe mais ou menos nisso, como os Foster.

Como o chefe de família, Phil (Steve Carrell) trabalha. A mãe, Claire (Tina Fey), cuida da casa e dos dois filhos. E, uma noite por semana, o casal sai sozinho em um encontro. Sem-graça, como os estereótipos já simbolizam. A paródia da vida de casado continua até que o sino de alerta toca: um casal de amigos de ambos que, como eles, estava acomodado por um bom tempo e, por isso, resolve pelo divórcio. A crise faz voltar o espírito da jovialidade, a vitalidade sem igual e a busca pelo novo, há muito tempo abandonada. Contaminados por isso, Phil e Claire acabam comprando essa idéia juntos.

O resultado é uma noite absolutamente improvável, em que os Foster vão colocar à prova suas faces mais radicais. Começam com uma janta em um lugar badalado no centro de Nova Iorque e acabam se envolvendo com assuntos políticos, policiais corruptos, informações secretas e até prostituição. Para salvarem suas vidas vão roubar, bater carros, conhecer gente distante de seu singelo círculo social e executar planos perigosos.

Interessante, apesar de toda emoção e humor, é notar que em momento nenhum o casal se separa. Pode ser um detalhe idiota em um filme tão previsível com mensagem tão óbvia. Porém, acredito que seja importante reforçar esse ponto sutil do filme: que nem todo casal precisa de uma pseudo-separação para saber que quer ficar junto. Na verdade, eles ficam unidos do começo ao fim e, claro, eles redescobrem um ponto importante do casamento.

Acontece que não é o sentimento de amor esse ponto que eles precisavam reavivar. É exatamente essa capacidade de encarar o novo, mais emoções, um desconhecido. Dar um toque em suas vidas, pois todo ser humano precisa se renovar. Não só isso, aprendem também que uma boa convivência não se trata somente da parte estável e desinteressante da vida, mas de ter alguém com quem dividir até mesmo seu lado mais jovial e imprevisível de ser. Isso sim é que é um amor maduro.

terça-feira, 30 de março de 2010

Cadê os Morgan? (Did you hear about the Morgans?)

http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/cadeosmorgan/



Muitas coisas na vida exigem alguma adaptação. Seja porque a convivência com um mal inevitável surja ou apenas uma grande mudança ocorra, o desapego àquela acomodação estabelecida é, vez ou outra, muito necessário. Ceder, afinal, é um fundamento tão difícil de aprender quanto primordial para uma vida progressiva.

Para o casal recém-separado Morgan, essa era uma questão de vida ou morte. Por serem testemunhas-chave de um crime cometido por um perigoso assassino, a polícia lhes informa que o modo mais seguro de lidar com isso é entrar para o programa de proteção. O que, em suma, significa mandar dois nova-iorquinos – essência do ser urbano – para um daqueles lugares no meio do deserto, um nada com quilômetros e quilômetros de extensão.

A viagem, é claro, acontece. Paul e Meryl encaram a mudança com algum humor sarcástico, deixando para trás assistentes ansiosos, carreiras bem-sucedidas e supostamente família e amigos. Chegam com o jeito tímido a um lugar que só vai hostilizar seus modos de gente-de-cidade-grande e onde nem podem usar telefone e Internet. Paul, o inglês, e Meryl, adepta da cultura sofisticada da metrópole, convivendo entre chapéus de cowboys e estampas xadrez.

A inclusão e o ajustamento ocorrem, como é previsível. Com ajuda do casal Clay e Emma Wheeler, os dois aprendem a enxergar aquele lugarzinho com mais empatia e até se apegam à loja que vende suéter por $9,99. Meryl arranja uma maneira de continuar a exercer sua função como corretora, e Paul ajuda um dos moradores com questões jurídicas. Em pouquíssimos dias, é como se tivessem se transformado em amantes do sossego e dos costumes mais rústicos do povo de Wyoming.

É tudo uma questão de adaptação, como dito no começo. Se acostumar com algo pode ser tão fácil quanto Meryl e Paul nos ensinam em sua pequena aventura. Só nos falta saber se o próprio amor é uma dessas coisas. Já que a (falta de) química entre Sarah Jessica Parker e Hugh Grant não convence nem por um segundo na tela, quem sabe seja essa facilidade em se ajustar à convivência forçada a única resposta para o desfecho feliz. O amor acaba sendo apenas uma palavra para designar a união de duas pessoas que, no fundo, estão simplesmente habituadas uma à outra.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Um sonho possível (The blind side)

http://wwws.br.warnerbros.com/theblindside/



Se considerarmos o mundo em que vivemos e as informações que chegam a nós de hora em hora durante um dia, é impossível crer na vida de Michael Oher senão como uma fábula. O menino negro que nasce e cresce no coração da miséria e decadência humana consegue sua entrada em uma escola particular. Observando-o afundar nesse mundo que ele desconhece, uma família branca decide abrigá-lo, ajudá-lo e, por fim, adotá-lo. Então, com o esforço de professores e treinadores, ele vira esse baita jogador de futebol americano de bom caráter e bem-sucedido.

Difícil acreditar que essa sucessão de coisas boas possa acontecer a alguém quando meninos morrem por dez reais nas favelas brasileiras. Mas aconteceu, em uma narrativa tão leve e tão direcionada para a felicidade, como se todas as famílias ricas estivessem prontas para doar seu sangue por alguém e meninos tão bons nascessem em toda má vizinhança, que só é possível engolir tudo isso quando sabemos que é baseado na vida de alguém real. Inacreditável, mas Michael Oher existe.

É interessante observar que o próprio roteirista da vida possa ter concebido um caminho tão “exato” para alguém. E só ele mesmo para ter tanto crédito para fazer um roteiro assim dar certo. Porque não é uma questão de observar um exemplo de bondade e guardar este sentimento até que um moleque venha roubar sua bolsa, mas de saber que coisas assim podem de fato acontecer no mundo real. Simples, leve, certo. Dessa forma, como os resistentes sonhadores da nossa sociedade gostam tanto de pensar.

Pode ser de um simplismo grande demais resumir o conceito de bondade em uma história quase insossa de tão certinha, que luta contra todas as estatísticas que conhecemos. No entanto, quem sabe seja isso que as pessoas precisem. Faz falta às vezes ver alguma bondade de graça, sem aqueles argumentos cheios de reviravoltas só para calar as perguntas que nosso mundo complexo de hoje não nos deixa ignorar. Quem sabe seja simplicidade que nos falte para chegar às melhores soluções dos problemas.

E se você ainda pensa que, no fundo, nunca conseguiria ser tão altruísta como Leigh Anne, não se preocupe. Esse não é um filme sobre o altruísmo de uma pessoa. Porém, é um filme sobre uma pessoa exemplar. Porque o bonito não é vê-la se doando pelo garotão da periferia e sim sentindo um sincero prazer em fazê-lo. Talvez disso possamos concluir que a verdadeira mensagem é que não é de sacrifícios que esse mundo precisa, mas de pessoas com um coração tão acolhedor quanto o dela.

- E parabéns pela bela atuação de Sandra Bullock! -

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Amor Acontece (Love Happens)

http://www.lovehappensmovie.com/



Aquela velha máxima de que palpitar na vida dos outros é mais fácil do que resolver nossos próprios problemas destaca uma característica muito mais presente na alma humana do que gostamos de admitir: a hipocrisia. Pode ser uma palavra forte, chocante para os mais sensíveis, porém uma verdade inegável. Porque todos nós já vivemos alguma experiência em que dizer é bem mais fácil que fazer e sabemos que, quase sempre, a teoria é mais simples que a prática.

“Faça o que digo, não faça o que faço” é a filosofia que Burke Ryan (Aaron Eckhart) segue secretamente desde a primeiríssima cena, em que cortar os limões nos leva à objetiva conclusão de que o jeito é fazer a limonada; até que uma garrafa de vodca surge como o sinal de que talvez a limonada por si só seja amarga demais para os despreparados. Com essa introdução, começamos a descobrir um pouco sobre o autor de um best-seller de auto-ajuda conhecido nacionalmente, que se dedica a fazer grandes palestras e workshops para ajudar pessoas que perderam seus entes queridos.

Não é um drama profundo, tampouco uma comédia romântica habitual. O luto e a dor da separação são os temas centrais do plot, e apesar do amor acontecer (como diz o título), nesse caso ele tem que, de certa forma, terminar. Essa luta pelo encerramento vai mostrar o quão longo é o caminho para se “curar” e quanto Burke, um viúvo mal-resolvido, se engaja nessa causa – pelos outros.

Quando a excêntrica florista Eloise (Jennifer Aniston) surge, todas as teorias são voltadas contra ele mesmo. A mulher que não sabe escolher homens, trabalha em uma humilde loja e não sofre com nenhuma morte traumática, leva o exemplo nacional de superação a se confrontar com seus problemas, evidenciando o grande paradoxo que ele vive.

No fim, em vez do falso moralismo e de uma redenção clichê, as duas faces hipócritas de Burke nos levam a uma curiosa conclusão sobre interações sociais e emoções humanas: não é preciso ser mais que uma pessoa normal e cheia de problemas para aconselhar e ajudar alguém; mas superar certas dores requer uma força muito maior do que uma capaz de comover e consolar multidões. Isso sim faz um filme valer a pena, muito mais do que saber que o final é o velho e bom “felizes para sempre”.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Simplesmente Complicado (It’s complicated)

http://www.itscomplicatedmovie.com/



Amadurecer é, senão a mais, uma das coisas mais difíceis na vida. Primeiro porque, em essência, quer dizer envelhecer e segundo porque nenhum dos tantos aprendizados que se ganha vem sem um preço. Também, além de tudo isso, amadurecer é conseqüentemente ter vivido, o que pode ser um conceito tão abstrato que talvez seja impossível de definir como bom ou ruim. No entanto, todos sabemos, viver é a única alternativa que temos depois de nascer, o que torna a maturidade algo inevitável.

Duro, pode-se dizer, amadurecer também traz algumas coisas boas. Perde-se o ar da infantilidade, as frágeis ilusões que nos levam aos grandes tombos, e aprende-se a maior das lições: a de que nunca vamos ter experiência o suficiente para poder encarar tudo como o adolescente “invencível” que (acha que) tem o mundo nas mãos. E essa é, como Jane Adler vai nos mostrar, uma das coisas mais complicadas do viver.

Depois de um longo casamento, três filhos e mais 10 anos se ajustando como divorciada, Jane se vê em um ponto alto de sua vida: é a dona de uma padaria de sucesso, mantém uma boa relação com seu ex-marido, Jake Adler (Alec Baldwin) e se sente ótima consigo mesma. Ainda assim, essa feliz mulher começa a se sentir solitária, já que seu ex seguiu em frente, se casando com a sua então amante, e seus filhos já dão claros sinais de independência. É nesse momento que ela vai se deixar levar pela enorme burrada de começar um caso exatamente com Jake, a causa do sofrimento de tantos anos.

Fabulosa, como só Meryl Streep poderia, Jane expõe sua força e sua fraqueza, misturados nessa mulher-mãe-cozinheira-divorciada por quem é impossível não se apaixonar. Ela é aquele tipo de mulher que todas querem ser quando crescer: bem conservada, morando em uma casa linda, trabalhando naquilo que ama fazer, inteligente, interessante, cheia de vida... – vocês entenderam. Por isso, quem sabe, sua jornada louca nos absorva tanto. Jane, uma musa, envolvida em um tórrido caso com seu ex-marido.

É claro que não é uma situação favorável. O homem é casado e, além disso, eles já haviam tentando antes. Não é uma fórmula com muitas chances de acerto. Depois, temos também Adam Schaffer, um Steve Martin estranhamente sofisticado e atraente, que entra na vida dela como uma nova paixão. Adicionando a tudo um resquício de sentimento por parte de Jake Adler e uma Jane um tanto confusa, tudo acaba se enrolando. E o que parecia tanto conhecimento no longo currículo de vida, acaba sendo nada.

No final, resta a Jane recolher alguns cacos de todos esses acontecimentos. Aí é que chegamos à alma de toda essa história: o verdadeiro poder de sua maturidade. Porque por mais que ela continue errando, independente de sua idade, essa é uma mulher que não se deixa derrubar por dores e decepções; uma mulher cujas bases são tão concretas que não usa mais drama para se acertar. Não há lágrimas, não há brigas feias, nem trilha ultra-romântica ou ultra-depressiva. É apenas Jane, que sabe que pode se enganar e que ainda tem muito para aprender - não só sobre o mundo e a vida, mas principalmente sobre si mesma.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Um olhar do Paraíso (Lovely Bones)

http://www.lovelybones.com/intl/br/



A história de Susie Salmon (como o peixe) repete a tragédia de tantas outras meninas – e também meninos – que vemos proliferando em nossos noticiários e jornais nos últimos anos: estupros, assassinatos, agressões sem fim. Crianças são criadas cada vez mais dentro de casa e o tema “pedofilia” nunca foi tão discutido. A pergunta, afinal, é: O que dá tanto ibope para tais fatos? Mais do que isso, o que faz de uma história dessa natureza ser digna de virar um longa-metragem? Com certeza, e eu não vou ser hipócrita em negar, é a sua desgraça.

A grande verdade é que é a violência na morte da menina que chama a atenção. É exatamente fato de que alguém pode executar tal ato de horror e que algo assim seja crível no mesmo mundo em que vive uma família, como a Salmon, que nos parece tão perfeitamente inofensiva e amorosa nas cenas em que se desenvolvem suas relações. Sim, todos temos total ciência de que essas coisas acontecem de fato aqui, no nosso país, na nossa cidade, no nosso bairro, na nossa rua... no mesmo lugar onde pessoas como nós possuem um trabalho decente, uma família carinhosa, importantes objetivos de vida; tudo dentro da lei, sem machucar ninguém.

Peter Jackson escolheu a forma mais sutil de tratar do assunto e isso tem incomodado muitos espectadores. Talvez, porém, esse seja seu grande trunfo: focar naquilo que precisa ser dito muito mais do que naquilo que não precisa ser dito. Uma chocante cena de crua violência nos daria uma bela perspectiva do que um ser humano pode ser capaz. No entanto, a forma horrível como Susie morreu é apenas um lado de uma história que quer nos dizer muito mais.

Seguir em frente, essa é a moral da história. Quando algo acontece, coisas importantes se partem e a separação é inevitável; esse é o momento de vulnerabilidade em que todas as forças são testadas. Por causa de um único acontecimento, tudo se destrói: Susie se deixa engolir por uma obsessão de vingança e sua família se despedaça. O fato é que somos apenas humanos, muitas vezes impregnados de um apego que nem sempre é saudável. O deixar algo para trás pode ser uma das coisas mais difíceis de fazer.

O lado bom existe, como simboliza o Céu onírico (e, algumas vezes, até brega) de Susie e o amor recuperado entre Jack Salmon e Abigail Salmon. Então por que não nos concentrar nisso, a parte tão difícil e tocante da superação, em vez de querer ver detalhadamente as ações destrutivas do Sr. Harvey? Talvez essa fosse a pergunta que Peter Jackson gostaria que nos fizéssemos; talvez a leveza do filme fosse exatamente sua resposta pessoal a ela.

No final, alguns acabaram respondendo da pior forma possível. Vivemos tempos mórbidos, em que até o símbolo de “homem perfeito” é um morto-vivo que chupa sangue. A morte está em todo lugar, talvez a principal inspiração da década passada. Junto com ela, a sordidez. E é por isso que franquias como Jogos Mortais, hipérbole da violência no Entretenimento, continuam crescendo mais e mais.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Idas e Vindas do Amor (Valentine’s Day)

http://www.valentinesdaymovie.com/



Dia dos Namorados, por mais que seja mais um golpe comercial para levar as pessoas a comprar, é inegavelmente um momento de reflexão para muitas pessoas – principalmente mulheres. Momento de lembrar que temos um amor e que – Graças a Deus! – temos companhia para esse dia, momento de fazer aquela surpresinha especial, reafirmar seu amor, ou simplesmente se amargar no sentimento de vazio e de solidão.

“Idas e vindas do amor” foi um jeito simpático de fazer essa reflexão. Como vários filmes desse estilo, reafirma as inúmeras diferenças que cada relacionamento carrega, como o amor pode surgir, como pode terminar ou apenas como ele é. Ótimo para quem procura aquela mensagem otimista do quanto o amor pode ser complicado – e até doloroso – mas que é necessário para uma vida “completamente” feliz.

Mas quem não conhece aquela história do melhor amigo que no fundo ama a melhor amiga e vice-versa? O apelo vamos-colocar-um-casal-gay-e-mostrar-nossa-sensibilidade? Ou a moça depressiva que odeia o Dia dos Namorados, mas que acaba com alguém no final? Sim, o filme é um show de clichês e não só em argumento, mas no jeito de apresentar as situações. Até o elenco, grandes estrelas de Hollywood, é só a repetição em massa daqueles nomes que sempre vemos nas produções relativamente fracas de comédia romântica. Para mim, foi uma decepção e desperdício de talento.

Depois de ver todas as histórias sufocando uma à outra pela falta de tempo para se desenvolver, você sai com aquela sensação de que nenhuma delas conseguiu de fato atingir. Talvez porque essa pressa em apresentar cada contexto não nos dê tempo de sentir empatia pelos personagens e também faça com que os conflitos pareçam superficiais e de fácil resolução. Isso é um grande problema dos filmes deste gênero, porque aparentemente basta jogar as situações bonitinhas para o público e deixar para lá as verdadeiras nuances que tornam essas histórias algo excepcional de se ver.

A maior decepção de todas, porém, é descobrir que aquelas ceninhas engraçadas do trailer não aparecem no filme em si. Não sei quem inventou que essa é a melhor maneira de anunciar uma estréia, mas seria mais interessante se não escolhessem justo a melhores sacadas para aumentar a expectativa do povo. Funciona comercialmente, só que é muito irritante.

Para você quem está procurando algo bem água com açúcar, o filme cumpre sua função. Porém, eu aconselharia assistir “Ele não está tão afim de você”, que é do mesmíssimo tipo que esse, mas muito melhor, acreditem.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Nine

http://nine-movie.com/



Para quem é fã de musicais, “Nine” chega ao público com o melhor do apelo do gênero: muito drama, mulheres sensuais, figurinos de fazer babar, aquele clima cabaré bem francês (apesar de se passar na Itália) e, é claro, músicas lindamente coreografadas.

Guido Contini é o nosso protagonista em crise. Sendo diretor de cinema, alimenta a visão ultra-dramática de sua vida e, nesse momento de dificuldade criativa, parece intensificar esse modo de enxergar as coisas ao seu redor. Para tentar se recuperar de dois fracassos anteriores, vai buscar toda a inspiração que puder nas mulheres de sua vida. Isso, no entanto, vai levá-lo a uma jornada de aprofundamento sobre ele e seus tantos relacionamentos, em vez de ajudar em seu roteiro.

O filme é basicamente dividido em “dois mundos”: o que seria o real e o da imaginação dramática de Contini. Enquanto no real o diretor batalha para que seu novo filme seja realizado e se torne mais um grande sucesso de sua carreira, em sua imaginação, ele monta esses cenários de cada moça em sua melhor forma, figurino e voz. Isso é positivo, pois elimina aqueles momentos típicos de musicais, em que os personagens começam a cantar do absoluto nada e ocorre uma quebra do envolvimento com a história. Ou seja, entramos na trama principal sem sermos interrompidos pelo momento constrangedor em que tudo se transforma em um show da Broadway, mas ainda temos o apelo artístico das músicas e coreografias.

O elenco carrega nomes de peso, como Daniel Day-Lewis (Guido Contini), Marion Cotillard (Luisa Contini), Penélope Cruz (Carla Albanese), Judi Dench (Lilliane La Fleur), Kate Hudson (Stephanie Necrophuros), Fergie (La Saraghina), Nicole Kidman (Claudia Jenssen) e Sophia Loren (Mamma), mas infelizmente o enredo não faz jus a tanto talento. Não é nada que chega a emocionar e pode se tornar enfadonho em algumas partes.

Ainda assim, o filme tem um destaque: a coreografia de Saraghina (Fergie). Vale muito a pena ver, desde a música até os efeitos “de palco”, e acredito que vá agradar tanto fãs quanto não-fãs do gênero.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Amor sem escalas (Up in the air)

Antes de mais nada, preciso dizer que eu tenho horror a filmes cujos títulos possuem a palavra “amor”. Como estudante de Publicidade, até compreendo o plano de marketing para vender a produção para um certo tipo de público, mas ainda assim, para mim sempre parecerá um trunfo barato e nada digno de alguns desses filmes, como foi o caso deste que irei comentar a seguir.

http://www.theupintheairmovie.com/intl/br/



“Amor sem escalas” surge como mais uma obra premiada do diretor Jason Reitman, o mesmo de “Obrigado por fumar” e “Juno”. Não gosto de fazer críticas baseada em currículos bem comentados, sucessos anteriores ou coisas do tipo, mas sendo fã do diretor também não posso ignorar o fato de que achei esse último filme abaixo da expectativa que os outros dois causam. Isso, é claro, não significa que ele não seja bom.

O filme em si é diferente, de uma boa maneira, em muitos pontos. Primeiro, ele não engloba somente o conceito de amor-paixão que o título desnecessariamente explícito nos faz acreditar. Há também o amor-família e principalmente o amor-compaixão – que é o que faz dele uma jornada tocante e dramática. Segundo, não é a história que a gente conhece de um cara qualquer que vai se apaixonar e nesse sentimento achará redenção e felicidade eterna. O final está longe de ser uma cena para fazer mulherzinha chorar.

Estamos lidando com um drama para quem consegue deixar suas próprias necessidades românticas de lado e quer de fato conhecer Ryan Bingham (George Clooney), nosso desapegado protagonista. Ryan é um cara que segue à risca sua filosofia, que consiste em deixar sua “mala” sempre vazia e leve. Dentro desta metáfora de aeroporto, ele quer dizer que apegos desde um porta-retratos até o comprometimento com pessoas são apenas pesos que não permitem sua movimentação. É como se a gente colocasse tudo em uma mala e tentasse caminhar com ela nas costas. Impossível.

O que pode parecer muito frio é, na verdade, algo que ao longo da trama se reflete em seu emprego e nas pessoas com quem se conecta, como a misteriosa Alex Goran (Vera Farmiga). Não que ele seja um carrasco pronto para acabar com qualquer melodrama no Universo. Ele apenas entende que certos apegos vêm com obrigações, riscos e amarras que ele pensa ser nocivos para qualquer um.

A história toda puxa-saco das relações humanas e de comprometimento e quer provar que Bingham está errado. Mostra que elas têm seu lado incômodo, mas que de certa forma são inevitáveis para todo ser humano. No entanto, não se enganem, porque dependendo de como você entende a mensagem final, pode ser se convença exatamente da teoria oposta: a da “mala vazia”. Daí, vai depender de como cada um vai reagir ao ver Ryan Bingham aprendendo a tapas as complicações de voltar para casa depois de tanto tempo viajando pelo país.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Distante nós vamos (Away we go)

http://www.filminfocus.com/focusfeatures/film/away_we_go/



Quase meio mês sem postar e tenho que admitir que não trago grandes novidades, apesar de saber que há alguns filmes em cartaz que eu poderia comentar aqui. De qualquer forma, enquanto eu ainda não tenho tempo ou dinheiro para assisti-los, trago para o blog uma boa surpresa, atual o suficiente para ser de 2009, mas com certeza não para estar na tela de um cinema.

Burt (John Krasinsk) e Verona (Maya Rudolph) são um casal já concretizado e que na primeiríssima cena descobrem que estão grávidos. Sem o apoio esperado dos sogros, Verona sente que é hora de sacudir a vida descompromissada do casal e descobrir como formar uma família de verdade. Para isso, ambos vão sair pelos Estados Unidos à procura de um lugar em que se encaixem perfeitamente.

O clima é feito de um indie pop, cada vez mais em uso nas comédias românticas e dramas hollywoodianos (“Juno“, “500 dias com ela”), de maneira que na maior parte seja melancólico por causa desse sentimento de Burt e principalmente de Verona em relação a não saber ao certo o que fazer de suas vidas.

Não é preciso sequer uma cena em que a fala “Eu te amo” é pronunciada para sentir a ligação entre os dois e a vontade enorme para fazer essa família dar certo, e, para isso, eles vão encontrar várias famílias que possuem desde nenhum amor até amor demais para dar. Sim, é uma história do tipo “vamos procurar a resposta, aprender sobre nós mesmos e descobrir que já somos felizes”, o que de maneira nenhuma torna o filme chato. Talvez um pouco previsível, mas ainda assim válido.

Para quem já está familiarizado com as aflições de estar apaixonado e prefere não romantizar o futuro de um casal, o filme traz uma boa perspectiva das possibilidades de felicidade e infelicidade que formar uma família acarreta. O final pode até ser otimista, o que conhecendo Burt e Verona você já espera. Mas, de certa forma, também é algo necessário para qualquer casal que queira que sua vida conjunta dê certo.

No fim, a obra prova que contar uma história não se trata apenas de inovação, formatos loucos ou um enredo muito diferente de tudo o que já foi visto. Basta a sensibilidade aguçada para abordar um tema que não poderia ser melhor desenvolvido de outra forma, cenas que envolvam bem as problemáticas de seus personagens e, claro, uma trilha sonora bem pensada.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Encontro de Casais (Couples Retreat)

http://www.couplesretreatmovie.com/



É sempre bom ver que há gente querendo contar um pouco mais sobre o amor maduro, em que já não há novidade e nem envolve aquela paixão jovial que faz adolescentes cor-de-rosa suspirarem nas salas de cinema mundo afora.

“Encontro de Casais” é uma tentativa válida, de certa forma engraçada e bastante otimista de falar desse amor amadurecido. Entendendo que o objetivo do filme era muito mais discutir de forma divertida problemas gerais de diversos estereótipos de casais, é possível ao menos tentar ignorar o fato de que sua trama mexe com fatos superficiais e totalmente irreais.

Ainda que arranque algumas risadas, é difícil não sentir que o filme o obriga a engolir piadas e situações forçadas. Além disso, duas escolhas de atrizes também parecem bem bizarras de início: Kristen Bell, que faz a personagem Elle no seriado “Heroes”; e Malin Akerman, que fez a irmã mais nova de Katherine Heigl em “Vestida para Casar”. Nenhuma das duas é ruim e nem põem o filme a perder, mas são difíceis de convencerem como mulheres casadas há muitos anos, ainda mais quando temos uma garota de 20 anos no meio dos casais, cuja idade é parte das piadas do enredo. Não fossem as roupas, todas teriam aparência da mesma idade.

A resolução final não é uma grande surpresa, senão pela facilidade de como as coisas acontecem para que todos sejam felizes para sempre. Porém, não posso dizer que esse resultado não tenha sido avisado desde o começo da história. Não demora muito para percebermos que é uma produção “sente, assista e relaxe”, sem dar muito o que pensar ou refletir.

O cenário, por outro lado, é uma delícia. Acontece em um desses lugares paradisíacos, com praias maravilhosas e águas transparentes azuladas. É realmente inspirador para quem quer dar uma escapada com um companheiro, seja de pouco ou muito tempo.

Para quem pretende ver, não vá esperando muito e terá uma experiência muito melhor. Não que o filme tenha criado muita expectativa pela divulgação, mas ele ainda deixar a desejar e nem sei que vale mesmo o preço – muito alto, por sinal – de um ingresso de cinema.